Absurdo! Caso de homem que abusou mais de 100 corpos em hospitais vem à tona

David Fuller abusava de cadáveres em hospitais onde trabalhou; história é relembrada após caso de homem que abusou de cadáver no metrô recentemente
Um relatório divulgado em 2023 pela polícia britânica confirmou que David Fuller, ex-funcionário hospitalar, conseguiu abusar sexualmente de cadáveres ao longo de mais de uma década em hospitais de Kent, no Reino Unido, sem ser descoberto. As conclusões apontam "falhas graves" nas instituições de saúde, que facilitaram os crimes cometidos entre 2007 e 2020.
O que diz o inquérito?
Fuller, hoje com 71 anos, foi responsável por abusar de pelo menos 101 corpos de mulheres e meninas, com idades entre nove e cem anos. Ele se aproveitava do acesso irrestrito aos necrotérios, utilizando seu crachá funcional para entrar durante a noite, quando as áreas estavam desprotegidas. Segundo o inquérito, ele visitou os necrotérios 444 vezes em apenas um ano, sem que isso levantasse qualquer suspeita.
Jonathan Michael, responsável por conduzir a investigação, afirmou que "houve oportunidades perdidas para questionar as práticas de trabalho de Fuller" e que o caso provocou "choque e horror em todo o nosso país e além". A gestão hospitalar, segundo ele, já havia sido alertada sobre irregularidades no necrotério desde 2008, mas pouco ou nada foi feito. “Houve uma falha em seguir procedimentos padrão, acompanhada por uma persistente falta de curiosidade”, destacou Michael.
O relatório final propôs 17 recomendações para evitar que crimes semelhantes voltem a ocorrer. Entre elas estão a instalação de câmeras de vigilância nos necrotérios, a exigência de que pessoas não vinculadas diretamente ao serviço funerário estejam sempre acompanhadas e a proibição de que corpos fiquem fora dos refrigeradores durante a noite.
Condenação de David Fuller
Vale lembrar que David Fuller já havia sido condenado, em 2021, a duas penas de prisão perpétua pelos assassinatos de Wendy Knell e Caroline Pierce, cometidos décadas antes. Pelo abuso dos cadáveres, ele recebeu uma sentença adicional de 16 anos de prisão.
Após a divulgação do inquérito, Miles Scott, diretor executivo da fundação responsável pelos hospitais onde Fuller trabalhou, reconheceu a gravidade das falhas reveladas. Ele afirmou que a instituição já implementou a maior parte das medidas sugeridas pelos investigadores e ressaltou que as recomendações restantes seriam colocadas em prática o mais breve possível.
Caso mobilizou autoridades
O caso também mobilizou autoridades do governo britânico. Em comunicado ao Parlamento, a ministra da Saúde, Maria Caulfield, apresentou um pedido formal de desculpas em nome do governo e do NHS, reforçando o compromisso de evitar que tragédias semelhantes se repitam: “Acolhemos com seriedade o relatório e garantiremos uma resposta completa às recomendações ainda nesta primavera, para que nenhuma família tenha de enfrentar algo assim novamente”.
Paralelamente, uma nova fase do inquérito foi aberta em julho de 2023 para avaliar, em âmbito nacional, como os corpos são tratados após a morte, incluindo a atuação de necrotérios privados, serviços de ambulância terceirizados e agências funerárias, numa tentativa de reforçar padrões éticos e de segurança em todo o sistema.
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