Vitória Drumond Medeiros, filha de vítima do acidente de Marília Mendonça, contesta divisão do seguro da aeronave

A estudante Vitória Drumond Medeiros, filha do piloto Geraldo Medeiros Júnior — uma das vítimas do acidente aéreo que vitimou Marília Mendonça em 2021 — criticou publicamente a forma como foi feita a divisão do seguro da aeronave. Segundo ela, a família da cantora teria ficado com metade do valor total da apólice, estimada em cerca de US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 5,5 milhões na cotação atual), mesmo havendo cinco vítimas na tragédia.

“Todas as vidas valem igual”

Em relato recente, Vitória demonstrou indignação com o desfecho do caso. Para ela, o valor do seguro deveria ter sido dividido de forma igualitária entre os familiares das cinco vítimas, sem favorecimentos. “É um seguro por morte. Tem que dividir. Foram cinco vítimas, e todas as vidas valem igual, independentemente de quem foi na Terra”, declarou.

A declaração reacendeu o debate sobre critérios legais e éticos na divisão de indenizações em tragédias com múltiplas vítimas. Embora contratos de seguro possam prever beneficiários específicos, em geral, quando não há cláusulas personalizadas, o valor costuma ser dividido de forma proporcional ou igual entre os herdeiros legais.

Dificuldades financeiras e decisão pelo acordo

Vitória ainda contou que teve que abrir mão do sonho de cursar Medicina na Argentina por conta das dificuldades financeiras enfrentadas após a morte do pai.

“Eu deixei de fazer medicina na Argentina porque estava ficando insustentável. Era muito gasto com aluguel, alimentação, faculdade… Estava sendo difícil e não podia contar com o seguro”, explicou.

Mesmo discordando da divisão, a jovem aceitou o acordo extrajudicial firmado para evitar disputas judiciais prolongadas. “Se fosse brigar, podia levar mais cinco anos, e a gente precisava do dinheiro”, completou.

Entenda o contexto jurídico

Em casos como esse, a partilha do seguro depende diretamente das cláusulas estabelecidas na apólice. Se o contrato não especifica percentuais para cada vítima, o mais comum é que o valor seja dividido de maneira equitativa ou conforme decisão judicial. No entanto, acordos extrajudiciais podem alterar esse cenário, como aparentemente ocorreu neste caso.

Modelos semelhantes de mediação foram usados, por exemplo, no caso do voo da Gol em 2006, quando uma câmara de indenização foi criada para evitar centenas de ações judiciais. A experiência ajudou a estruturar práticas futuras de negociação em acidentes aéreos no Brasil.

O assunto voltou à tona após especulações de que Dona Ruth, mãe de Marília, teria recebido uma parte maior da indenização, o que gerou reações nas redes sociais. A família da cantora ainda não se manifestou publicamente sobre as declarações de Vitória.

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