Após perda, Tati Machado desabafa e psicanalista faz alerta sobre luto gestacional

Tati Machado desabafa sobre novo recomeço; psicanalista explica os cuidados físicos e emocionais essenciais antes de uma nova gestação
O Fantástico exibiu uma entrevista feita por Renata Capucci com Tati Machado e o marido, Bruno. Em maio deste ano, o casal teve que lidar com o falecimento do filho, Rael, que estava no oitavo mês de gestação e teve uma parada dos batimentos cardíacos.
Após desabafo de Tati, o Psicanalista clínico e professor sênior da Associação Brasileira de Psicanálise Clínica (ABPC), Artur Costa, fez um alerta e explicou os cuidados para lidar com este acontecimento antes de uma nova gestação.
Luto gestacional e a psicanálise!
Na psicanálise, o luto gestacional é compreendido como uma experiência de perda simbólica e real, profundamente marcada pela interrupção de um projeto de vida. De acordo com Artur, mais do que a perda de um corpo físico, trata-se da perda de uma representação psíquica de um filho sonhado, nomeado, idealizado. Essa ruptura impacta diretamente a subjetividade da mulher, pois fere não apenas a função materna em constituição, mas também aspectos da identidade, do desejo e do futuro que ela vinha construindo, iniciou.
Muitas vezes, a sociedade silencia esse tipo de luto por ele não se encaixar em rituais sociais tradicionais, o que torna ainda mais difícil sua elaboração. Na escuta analítica, damos lugar ao que não pôde nascer, mas deixou marcas profundas e a partir daí, ajudamos a dar sentido à dor, continuou o psicanalista.
Apoio emocional
Segundo Artur, o apoio emocional do parceiro é fundamental não apenas como presença afetiva, mas como testemunha do vivido. Quando o parceiro reconhece a dor, acolhe o sofrimento e compartilha a experiência, ele ajuda a legitimar o luto e impede que a mulher se sinta sozinha, culpada ou invalidada.
A perda perinatal não é apenas da mãe é do casal, do vínculo que se formava com o bebê. Por isso, o luto precisa ser vivido também em diálogo, mesmo que cada um tenha sua forma singular de sofrer. Quando o parceiro se silencia ou nega a dor, a mulher pode se sentir duplamente ferida: pela perda e pela ausência de escuta. Já quando ele está presente emocionalmente, isso favorece a ressignificação e fortalece a reconstrução subjetiva após a perda, explicou.
Sorriso depois da dor
Quando a pessoa consegue sorrir com memória, ou seja, sem apagar a dor, mas incluindo-a como parte da sua história, esse sorriso pode ser um sinal de ressignificação saudável. É o que Tati expressa ao dizer que “sorrir não é esquecer” essa frase carrega um valor terapêutico profundo.
Para Artur, há casos em que o sorriso se torna uma máscara, um recurso psíquico para evitar contato com a dor e aí ele pode ocultar um luto não elaborado. O papel da psicanálise é justamente escutar o que o sorriso não diz, oferecendo um espaço onde a dor pode ser simbolizada sem culpa ou pressa. Sorrir pode ser um ato de amor à memória, desde que não se transforme em silêncio diante do sofrimento, finalizou o profissional.
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