Além de controlar a oleosidade e o suor, o botox pode potencializar tratamentos capilares e melhorar a saúde dos fios. Saiba como o procedimento funciona e quem pode se beneficiar dele, de acordo com especialistas

Você muito provavelmente já ouviu falar – e até já fez ou pensou em fazer – aplicações de botox no rosto para suavizar as rugas e linhas de expressão. Mas o que talvez você ainda não saiba é o uso da toxina botulínica em outra região do corpo: o couro cabeludo. Sim, o chamado “botox capilar” – não confundam com as máscaras de tratamento que levam esse nome comercialmente –, são, na verdade, um procedimento estético injetável que pode ajudar a controlar o suor, reduzir a oleosidade e até potencializar tratamentos para queda capilar.

Para entender como funciona o botox no couro cabeludo e tirar todas as dúvidas sobre o tema, conversamos com dois especialistas: a dermatologista Laís Rios, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, e o biomédico e tricologista João Gabriel Fernandes, da Clínica PRC.

A seguir, você confere tudo sobre o procedimento, seus benefícios, limitações e os cuidados necessários.

O que é o botox no couro cabeludo?

O botox no couro cabeludo consiste na aplicação da toxina botulínica tipo A – a mesma usada em procedimentos estéticos faciais –, mas com uma finalidade diferente: controlar a produção excessiva de suor (hiperidrose) e a oleosidade intensa que compromete a saúde e a estética dos fios. Segundo a dermatologista Laís Rios, a toxina age bloqueando temporariamente os sinais nervosos que estimulam as glândulas sudoríparas e sebáceas, promovendo um ambiente mais equilibrado para os cabelos.

Além disso, há estudos que indicam que a toxina possa auxiliar na melhora do fluxo sanguíneo da região ao relaxar a musculatura abaixo da pele, o que pode ser benéfico para pacientes com alopecia androgenética difusa. “Apesar de promissor, esse efeito ainda precisa de mais pesquisas para ser considerado o principal tratamento para a calvície”, explica o tricologista João Gabriel Fernandes.

Em quais casos o botox no couro cabeludo é indicado?

O procedimento é indicado principalmente para quem sofre com hiperidrose. “É possível usar o produto para fazer uma técnica chamada de ‘microbotox’, com uma diluição diferente do produto para auxiliar na redução da oleosidade do couro cabeludo”, aponta João Gabriel.

Como o botox age no tratamento da hiperidrose (suor excessivo) no couro cabeludo?

As glândulas sudoríparas, responsáveis pela produção de suor, utilizam ductos que levam esse suor até a superfície da pele. Esses ductos possuem músculos lisos, que se contraem involuntariamente para impulsionar o suor. “A toxina botulínica neutraliza a contração dos músculos presentes nos ductos, sendo assim, o suor deixa de ser excretado na superfície do couro cabeludo”, diz o tricologista.

Há benefícios do botox para casos de calvície ou alopecia?

Embora não seja indicado como o tratamento principal da calvície ou alopecia, o botox pode ser um forte aliado complementar. “Ele pode ajudar a relaxar a musculatura do couro cabeludo e melhorar o fluxo sanguíneo, o que beneficia o ambiente folicular. No entanto, ele não age nos fatores principais da alopecia androgenética, como o aumento da atividade da enzima 5-alfa redutase que converte a testosterona em DHT, ou a inflamação dos folículos capilares”, esclarece o tricologista. Por isso, sua função nesses casos é considerada de suporte, e não uma solução isolada.

Mas afinal, como funciona o procedimento?

A toxina é diluída de forma diferente da usada no rosto, visando uma melhor espalhabilidade pelo couro cabeludo. A aplicação é feita com microagulhas em pontos estratégicos da cabeça. “O desconforto varia da sensibilidade de cada um, mas, num geral, a dor é bem tolerável. Mas, é possível usar pomada anestésica ou bolsinha gelada antes do procedimento”, afirma Laís.

Quando os resultados aparecem e quanto tempo duram?

Os efeitos do botox começam a ser percebidos entre 3 a 10 dias após a aplicação, atingindo o pico de eficácia em cerca de duas semanas. “A duração média do procedimento é de três a seis meses, podendo variar de acordo com o metabolismo e os hábitos dos pacientes”, afirma o tricologista. Em geral, uma única sessão é suficiente para perceber os benefícios do botox. “No entanto, o ideal é manter a periodicidade anual para prolongar os efeitos e garantir a manutenção do resultado”, completa a dermatologista.

Há contraindicações e efeitos colaterais?

Sim. Assim como qualquer procedimento médico, o botox capilar exige uma avaliação criteriosa e um profissional experiente. De acordo com os especialistas, não é indicado para gestantes, pessoas com alergia à toxina botulínica, lactantes, pacientes com doenças neuromusculares e com infecções ativas no couro cabeludo ou outras contraindicações dermatológicas.

Entre os possíveis efeitos colaterais estão a dor leve, hematomas, sensibilidade local e, de uma forma mais rara, dor de cabeça. O tricologista João Gabriel também alerta sobre relatos de inibir o suor em uma região e aumentar em alguma outra parte do corpo; podendo haver reações alérgicas a algum componente do produto. “Além disso, pode haver migração do produto para alguma região mais próxima ao rosto, causando ptose – a paralisia indesejada de músculos faciais –, embora isso seja extremamente raro quando o procedimento é feito por um profissional qualificado”, declara ele.

Quais cuidados são necessários antes e depois da aplicação?

Para garantir a segurança e eficácia, é fundamental seguir algumas recomendações dos médicos especialistas:

Antes do procedimento

Após o procedimento