Golpes de Ana Clara em “Vale Tudo”: especialistas explicam os crimes na vida real

Por Thaíse Ramos 05/09/2025 às 20:03 👁️ 0 visualizações 💬 0 comentários
Golpes de Ana Clara em “Vale Tudo”: especialistas explicam os crimes na vida real

Golpes de Ana Clara em “Vale Tudo”: especialistas explicam os crimes na vida real

No remake de “Vale Tudo, a personagem Ana Clara (Samantha Jones) segue firme em seu plano contra Odete Roitman (Debora Bloch). Após se casar com Leonardo (Guilherme Magon) e conquistar o título de nora da vilã, a golpista mira no patrimônio do bilionário que todos acreditavam estar morto.

Os esquemas elaborados por ela na trama das nove da TV Globo vão muito além do entretenimento televisivo e encontram paralelos preocupantes na realidade brasileira. Em entrevista ao portal LeoDias, duas advogadas analisam que as ações da golpista configuram crimes graves previstos no Código Penal.

Os esquemas elaborados por ela na trama das nove da TV Globo vão muito além do entretenimento televisivo e encontram paralelos preocupantes na realidade brasileira. - Thaíse Ramos

Clara

Para Barbara Heliodora, especialista em Direito das Famílias, o que vemos na história de Ana Clara é um exemplo clássico de estelionato qualificado. “Ela usa artifícios fraudulentos para obter vantagem ilícita, no caso, o casamento com Leonardo visando o patrimônio da família. Na vida real, esse tipo de conduta pode resultar em pena de reclusão de um a cinco anos, além de multa”, explica.

A especialista destaca que o casamento por interesse financeiro, quando há ocultação de informações essenciais ou uso de identidade falsa, configura crime contra o patrimônio. “Muitas vezes, as vítimas desse tipo de golpe são pessoas em situação de vulnerabilidade emocional ou financeira, como viúvos ou pessoas mais velhas”, pontua.

Sobre a estratégia de Ana Clara de se infiltrar nas reuniões de Alcoólicos Anônimos (AA) para se aproximar de Heleninha (Paolla Oliveira), a advogada alerta para a gravidade da situação. “Isso caracteriza falsidade ideológica, prevista no artigo 299 do Código Penal. A personagem está se fazendo passar por alguém que não é, com documentos ou informações falsas, para ludibriar terceiros”, esclarece Heliodora.

Vale

Ela também chama a atenção para os direitos das vítimas desse tipo de crime: “Além da ação penal, existe a possibilidade de ação civil para reparação de danos materiais e morais. Em casos de casamento fraudulento, é possível requerer a anulação do matrimônio e a restituição de bens”.

Também em entrevista ao portal LeoDias, a advogada criminal Bárbara Franco destaca que, embora cada caso tenha suas particularidades, existem sinais clássicos que não podem ser ignorados quando se trata de possíveis golpes financeiros em relacionamentos.

“Solicitações urgentes de dinheiro, histórias inconsistentes ou exageradas, tentativas de isolar a vítima da família e dos amigos e foco excessivo em questões financeiras desde o início do relacionamento são pontos de alerta”, explica, acrescentando que é preciso atenção quando o parceiro se recusa a encontrar pessoalmente ou por vídeo e pressiona pelo compartilhamento de informações pessoais ou bancárias.

Tudo

Diante da suspeita, a advogada orienta que a vítima aja rápido. “O primeiro passo é interromper toda a comunicação, bloqueando o contato em todas as plataformas. Depois, é essencial reunir provas — mensagens, comprovantes de transferências, registros de chamadas —, notificar o banco, registrar boletim de ocorrência e alertar familiares e amigos”, aconselha.

Ela ressalta ainda que cuidados simples podem ajudar a prevenir situações de risco. “Antes de assumir compromissos afetivos ou financeiros mais sérios, é importante verificar a identidade da pessoa, não compartilhar informações sensíveis, manter diálogo aberto com a rede de apoio e desconfiar de propostas de investimento ou negócios apresentadas pelo parceiro, principalmente se envolverem dinheiro rápido e com garantias excessivas. E o mais importante: jamais enviar dinheiro para alguém conhecido apenas virtualmente, independentemente das histórias contadas”, enfatiza.

Questionada sobre o papel da mídia, a especialista avalia que a exposição do tema em novelas e séries pode contribuir para a conscientização, mas seu impacto é variável. “Essas narrativas expõem o público a novas formas de golpes, tornando-os mais conhecidos e, potencialmente, mais fáceis de identificar”, ressalta.

“Ao mostrar o drama das vítimas, a mídia pode gerar empatia e encorajar as pessoas a falarem sobre o assunto e a buscarem ajuda. Por outro lado, embora possa ser uma ferramenta educativa, existe, sim, o risco de que essa exposição possa, em alguns casos, acabar estimulando a prática desses crimes encorajando imitadores. Portanto, é importante equilibrar essa preocupação com os benefícios”, conclui.

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