Lula celebra aproximação com Trump: “Fiquei feliz quando disse que pintou uma boa química”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descreveu em entrevista coletiva à imprensa na sede da ONU nesta quarta-feira (24/9) como “inesperada e positiva” a breve interação que teve com Donald Trump, nesta semana, em Nova York. O episódio ocorreu durante a Assembleia Geral da ONU e, segundo Lula, pode abrir caminho para um novo capítulo na relação entre Brasil e Estados Unidos.

Trump

“Aquilo que parecia impossível, deixou de ser impossível e aconteceu. E eu fiquei feliz quando ele disse que pintou uma química boa entre nós. Como eu acho que a relação humana é 80% química e 20% emoção, Eu acho que é muito importante essa relação e eu torço para que dê certo, porque Brasil e Estados Unidos são as duas maiores democracias do continente”, declarou o petista antes de embarcar de volta a Brasília.

Para Lula, a retomada do diálogo pode recolocar a relação bilateral em uma rota construtiva. Ele destacou que Brasil e EUA são as maiores economias e democracias do continente e compartilham interesses estratégicos em áreas como comércio, inovação tecnológica e transição energética.

Brasil

Apesar das diferenças, Lula disse acreditar que uma conversa direta pode desfazer mal-entendidos. “Eu estou convencido que algumas decisões tomadas pelo presidente Trump se deveu ao fato da qualidade de informações que ele tinha sobre o Brasil. Na hora que ele tiver as informações corretas, acho que pode mudar de posição tranquilamente e o Brasil também pode. O que aconteceu no meu encontro com Trump, é que nunca tínhamos nos encontrado. E nos encontramos por acaso”, disse o presidente.

“Eu não sei quem foi que disse para o presidente Trump que tem um déficit comercial com o Brasil. Ele teve um superávit em 10 anos de US$ 400 bilhões. Então como não sei quem deu a informação para ele, eu espero que sentado numa mesa possamos reestabelecer a harmonia necessária entre Brasil e EUA. Quando tiver eleições nos Estados Unidos, eu não me meto; e quando tiver eleições no Brasil, ele não se mete. É assim que a gente faz: acatamos o resultado da soberania do povo nas urnas de cada país”, disse ele aos jornalistas, afirmando ainda que o encontro com Trump, que ainda não foi marcado, pode ser feito presencial e publicamente.

Lula

Nesta última terça-feira (23/9), ao discursar na ONU, Trump relatou que se encontrou com Lula por poucos segundos na saída do plenário. O norte-americano afirmou que os dois se abraçaram e chegaram a combinar uma reunião mais longa já na semana seguinte. O republicano, em tom descontraído, disse ainda que só negocia com líderes de quem gosta, e que “Lula parecia um cara muito legal”.

A declaração foi recebida pelo governo brasileiro como sinal de trégua em meio à turbulência comercial entre os dois países. Trump anunciou em julho a aplicação de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, o que gerou forte reação diplomática e ameaça à competitividade de empresas nacionais no mercado norte-americano.

A crise ganhou intensidade após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF por tentativa de golpe de Estado. Trump, que mantém alinhamento político com o ex-mandatário brasileiro, vinculou as sobretaxas ao que classificou como “perseguição judicial” a aliados no Brasil. Durante discurso na ONU, o republicano também voltou a atacar o Judiciário brasileiro, acusando-o de censura e repressão.

Fontes do Itamaraty confirmam que os dois governos trabalham para viabilizar uma reunião virtual entre Lula e Trump nos próximos dias. Não está descartada, no entanto, a possibilidade de um encontro presencial, caso a agenda dos líderes permita.