Manchete fracassou com a sua primeira novela há 40 anos

Por Murilo Rocha, sob a supervisão de Mariana Arrudas Publicado em 01/07/2025, às 07h30 👁️ 0 visualizações 💬 0 comentários
Manchete fracassou com a sua primeira novela há 40 anos

Em 1985, chegada às telinhas a primeira novela da TV Manchete; no entanto o fracasso da obra e as brigas nos bastidores a transformaram num pesadelo

A extinta Rede Manchete estreava um fracasso colossal há 40 anos: o remake de Antônio Maria. A obra foi produzida originalmente pela também extinta TV Tupi em 1968. Com uma versão repaginada, a emissora tentou se aproximar de outro público com a novela, mas falhou e gerou caos nos bastidores entre o elenco e o autor.

Não deu certo

A novela foi uma parceria entre a TV Manchete e a RTP (Rádio e Televisão Portuguesa). A novela leva o nome do galanteador imigrante que, nesta versão, foi interpretado por Sinde Felipe. Na primeira vez, o papel foi de Sérgio Cardoso. Segundo Nilson Xavier, do Teledramaturgia, o maior erro já ocorreu no capítulo inicial, com o protagonista sendo milionário e fugindo de uma mulher apaixonada e muito possessiva, Amália (Eugênia Melo e Castro). Este era o grande segredo da trama, como relembrou Xavier, e acabou sendo jogado fora. Nas duas versões, a obra foi escrita e dirigida por Geraldo Vietri.

A novela foi uma parceria entre a TV Manchete e a RTP (Rádio e Televisão Portuguesa). - Murilo Rocha, sob a supervisão de Mariana Arrudas

Xavier também relembra que a novela teve uma produção caótica: os artistas que fizeram parte da obra reclamavam nos bastidores das condições de trabalho que estavam inseridos e da falta de paciência do autor. A audiência acabou fracassando e não atingido os índices esperados. De julho de 1985 a novembro do mesmo ano, a Manchete manteve a novela no ar. Mas, no livro Biografia da Televisão Brasileira, José Armando Vanucci e Flávio Ricco relembram que a Manchete só colocou no ar outra novela em abril de 1986, sendo esta Dona Beija - que recebe um remake em 2026 e será exibida na HBO MAX.

Outro ponto que Nilson conta, é que, nesta versão, Geraldo Vietri deu um tom mais cômico e inexistente na primeira versão. O autor ainda colocou algumas tragédias que também não faziam parte da obra original.

Em entrevista a Guilherme Bryan e Vincent Villari para o livro Teledramaturgia, a História da Televisão Brasilera, Eugênia Melo e Castro falou sobre as tensões nos bastidores e também revelou que a trilha sonora - que Vietri deu a ela a missão e liberdade de produzir musicalmente - tem "zero importância" para ela:

“Eu nem digo que este disco faz parte da minha carreira, tal é a importância que teve para mim. Zero! Eu não gostei da novela. O Vietri tratava mal todo mundo. Só a mim e ao Sinde é que ele tratava bem, porque éramos europeus. O resto era tratado a porrada, verbal e fisicamente. As pessoas ficavam sem controle, era uma coisa horrorosa. A novela não tinha pé nem cabeça. Já ao final, quem escrevia era o Sinde Felipe, porque o Vietri enlouqueceu completamente. Foi muito difícil. Era todo mundo muito doido. A grande alegria da minha vida foi quando pegou fogo o arquivo da Manchete e toda a película da novela virou cinzas. Fiquei livre de que alguma vez essa novela pise em Portugal, porque isso, sim, seria o maior mico da história. O disco, então, é um samba do crioulo doido. A única coisa boa é que ele deu a conhecer novos artistas portugueses que o Brasil não conhecia.”

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