Novela da Globo previu desastre natural no Rio de Janeiro há 15 anos

Em 12 de abril de 2010, há 15 anos, a Globo estreava Escrito nas Estrelas como sua nova novela das seis. Escrita por Elizabeth Jhin, o folhetim tinha como pano de fundo o romance dos protagonistas e uma trama espírita que conquistou o público. Por acaso, a obra teve cenas de enchentes e previu desastre natural no Rio de Janeiro dois meses antes de tragédia acontecer na vida real.
Ficção e realidade
Como relembra o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, Escrito nas Estrelas estreou alguns meses após o Rio de Janeiro viver uma das maiores tragédias climáticas da época: uma enchente devastadora que matou mais de 200 pessoas.
A coincidência trágica, segundo Xavier, marcou profundamente a estreia da novela. Isso porque os primeiros capítulos exibiram cenas de alagamentos em um morro carioca, exatamente como aconteceu na vida real. O Teledramaturgia destaca que as cenas não foram imagens captadas durante o desastre, mas gravadas dois meses antes.
As cenas mostravam a jovem Viviane (Nathalia Dill), moradora de uma comunidade no alto do morro, enfrentando a violência da chuva, com lama invadindo as ruas e desespero entre os moradores. Muitos telespectadores chegaram a acreditar que a produção havia incorporado imagens reais da tragédia ao roteiro, mas não: o que se viu na TV era pura ficção gravada com antecedência.
Espiritualidade e ciência
Apesar da sombra deixada pela tragédia, Xavier afirma que Escrito nas Estrelas seguiu sua trajetória com sucesso, conquistando audiência e elogios por seu equilíbrio entre drama e espiritualidade. Elizabeth Jhin, já conhecida por explorar temas humanos, desenvolveu a trama a partir de um questionamento ético e espiritual.
Ainda de acordo com o Teledramaturgia, a novela chegou em um momento propício: 2010 também marcou o sucesso de grandes produções espiritualistas no cinema brasileiro, como Chico Xavier e Nosso Lar, além da série A Cura, de João Emanuel Carneiro.
A TV Globo, sensível ao espírito do tempo, encontrou em Escrito nas Estrelas a possibilidade de unir entretenimento, reflexão e representatividade de crenças populares no Brasil. O espiritismo, embora pano de fundo, abriu espaço para reflexões sobre vida após a morte, destino e o que há além da existência material.
O impacto foi sentido até fora da ficção. Xavier relembra que, logo após a estreia da trama, programas jornalísticos como o Fantástico passaram a discutir os avanços da ciência genética e a polêmica sobre a utilização de material genético de pessoas falecidas. Assim, a novela também cumpriu a função social de educar sobre o tema.
A efeméride dos 15 anos de Escrito nas Estrelas nos lembra como as novelas brasileiras, além de entretenimento, refletem e por vezes antecipam questões importantes da sociedade, misturando ficção e realidade de maneiras que nem sempre podemos prever.
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