Em entrevista ao Mais Você, Padre Fábio de Melo se emociona ao falar da luta contra a depressão e como a doença piorou após morte da mãe

Melo

Na manhã desta quinta-feira (8), o padre Fábio de Melo participou do programa Mais Você e emocionou o público com um relato profundo sobre sua trajetória com a depressão e a dor da perda de sua mãe, Ana Maria de Melo, vítima da COVID-19 em 2021. Em uma conversa franca com Ana Maria Braga, ele falou sobre os desafios de conviver com sentimentos intensos desde a infância, quando já percebia em si uma tendência à melancolia e à introspecção. “Fui um menino muito triste, melancólico, às vezes sombrio”, contou, revelando que durante muito tempo achou que essas sensações faziam parte apenas de sua personalidade.

Maria

Com o tempo, porém, padre Fábio reconheceu que sua tristeza ia além de traços emocionais. Em um determinado momento da vida, ele compreendeu que havia ultrapassado um limite emocional e que a dor que carregava precisava ser encarada como uma doença. “Descobri que aquilo era doença, que era quando retirava minha vontade de viver”, confessou. Ainda assim, ele reconhece que foi essa sensibilidade que também o formou como artista e pensador. “A dimensão melancólica sombria me tornou escritor, me tornou compositor”, refletiu, destacando o paradoxo de como sua dor também impulsionou sua arte.

Mais

Um dos momentos mais difíceis de sua vida foi vivido em agosto de 2024, quando, segundo ele, enfrentou o auge da depressão. O sacerdote acredita que muito do sofrimento decorre da forma como lidamos com o tempo e as perdas. “A gente não sofre o tanto que tem que sofrer”, afirmou. Ele explicou que muitas vezes somos empurrados por um ritmo de vida acelerado que não permite que a alma absorva plenamente os momentos de dor e transformação, como o luto ou o fim de um relacionamento.

A perda da mãe, Ana Maria, foi um marco definitivo nesse processo. Aos 83 anos, ela faleceu em decorrência da COVID-19 e, por medidas sanitárias, o padre não pôde estar ao lado dela no hospital. A última despedida aconteceu por chamada de vídeo, um momento que ainda carrega em sua memória. “Ela quis me acalmar. Eu falei: ‘mãe, a senhora vai dormir um pouquinho’, e ela respondeu: ‘daqui a pouco eu estou de volta’. E essa foi a última vez”, relembrou com emoção.

Atualmente, padreFábio segue em tratamento, combinando medicamentos e acompanhamento psicológico. No entanto, admite que tem dificuldades com a terapia convencional. “Tenho uma sensação de que não estou procurando respostas mais, estou preferindo conviver com a pergunta”, disse.