Rapaz fica em estado vegetativo após superdosagem de remédio e morre no hospital

Por Renata Garre Publicado em 28/04/2025, às 15h15 - Atualizado às 16h54 👁️ 0 visualizações 💬 0 comentários
Rapaz fica em estado vegetativo após superdosagem de remédio e morre no hospital

Internado em estado vegetativo desde 2021, rapaz que estava em estado vegetativo faleceu no domingo (27); esposa fez relato comovente após perda

Internado em estado vegetativo desde 2021, Alexandre Moraes de Lara, de 31 anos, faleceu no domingo (27), no Hospital Humaniza, em Porto Alegre. O quadro irreversível foi consequência de uma superdosagem de remédio administrada no mesmo hospital durante um atendimento para tratar uma arritmia cardíaca.

Desabafo da esposa

A esposa de Alexandre, Gabrielle Bressiani, de 30 anos, confirmou a morte. Nos últimos dias, ele apresentava baixa saturação e dificuldades para respirar. "No sábado, ele tinha iniciado morfina contínua, para dar o maior conforto possível e não sentir tanto a dor que está passando. Hoje (domingo), às 14h01min, ele faleceu", relatou a viúva.

A esposa de Alexandre, Gabrielle Bressiani, de 30 anos, confirmou a morte. - Renata Garre

Ela também desabafou sobre o sofrimento do marido: "Ele sofreu a maior parte do tempo. Era um sofrimento para ele viver em cima da cama. Ele não tinha vida, só sobrevivia". O episódio que levou Alexandre ao estado vegetativo aconteceu em 21 de outubro de 2021. Segundo a família, o cardiologista prescreveu corretamente 600 mg de propafenona, mas, no pronto atendimento, ele recebeu 6 mil mg, o equivalente a 20 comprimidos em vez de dois.

A falha foi reconhecida pelo hospital, conforme prontuário assinado pelo diretor-executivo da unidade. O documento aponta que a dosagem entregue pela farmácia divergia tanto da prescrição médica quanto do registro no sistema hospitalar. A superdosagem provocou intoxicação grave, resultando em convulsões, parada cardiorrespiratória e uma lesão cerebral permanente. Desde então, Alexandre permaneceu internado no mesmo hospital, sem recuperar a consciência.

Na época do erro médico, Gabrielle estava grávida de três meses. A filha do casal, Sara, tem hoje três anos. A família entrou com uma ação judicial contra o hospital, mas até o momento não recebeu nenhuma compensação. O caso ganhou repercussão por meio do perfil “Justiça por Alexandre”, no Instagram, que soma 119 mil seguidores.

Médica responsável foi indiciada

O velório teve início na manhã desta segunda-feira (28), na capela G do Cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre. O sepultamento está previsto para às 17h, no mesmo local. O caso gerou repercussão também no âmbito criminal. Em janeiro de 2023, a médica Erika Bastos Schluter foi indiciada pela Polícia Civil por lesão corporal gravíssima.

Ela era a responsável pelo atendimento no momento em que os comprimidos foram administrados. Segundo a polícia, houve conduta culposa, sem intenção, mas com negligência, imprudência ou imperícia. A profissional foi afastada do hospital após o ocorrido. À época, o advogado da médica, Flávio de Lia Pires, defendeu que sua cliente foi induzida ao erro. 

"Quando ela foi alertada que seriam 20 comprimidos, ela foi ao sistema do hospital pra ver se realmente a dosagem que estava sendo fornecida era de 30 gramas, e lá ela constatou que era 30 gramas. Por isso foi feita aplicação dessa forma. A falha é totalmente do hospital ou do sistema, se for um sistema terceirizado, da farmácia do hospital", declarou. 

Em nota enviada à imprensa, o hospital também se pronunciou: "O hospital lamenta, com profundo pesar, o falecimento do paciente. Solidariza-se com seus familiares e amigos neste momento de dor e coloca-se à disposição para prestar o apoio necessário".

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