Série da Globo estreou há sete anos com mudança de protagonista após morte de ator

Trama da Globo baseada em vivências de Drauzio Varella trouxe relatos reais e foi exibida na TV aberta um ano após estreia no streaming
Em 26 de abril de 2018, há sete anos, a Globo estreou a primeira temporada da série Carcereiros, produção exibida na grade da emissora às 22h30. Baseada em livro de Drauzio Varella (81), Carcereiros foi protagonizada porRodrigo Lombardi (48), ator escalado após morte de Domingos Montagner (1962-2016), primeiro escolhido como estrela da produção. Saiba sobre a obra marcada pela mudança de protagonista.
Perda do protagonista
O jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, relembra que Rodrigo Lombardi assumiu a missão de dar vida ao carcereiro Adriano com uma responsabilidade emocional extra: substituir Domingos Montagner, ator inicialmente escalado para o papel principal que morreu.
Após o falecimento repentino de Montagner durante as gravações de Velho Chico, a Globo escalou Rodrigo Lombardi para viver o protagonista Adriano, um agente penitenciário que tenta equilibrar o peso da profissão com as exigências da vida familiar.
A escolha, no entanto, se provou certeira. Xavier destaca que Lombardi entregou uma das atuações mais elogiadas de sua carreira, com uma performance contida, intensa e carregada de nuances. Seu Adriano era um homem comum, mas atormentado — uma figura dilacerada pelo dever, que buscava preservar sua humanidade em meio ao caos institucional.
Outro destaque, segundo o Teledramaturgia, foi Aílton Graça (60), que interpretou o carcereiro Juscelino. Curiosamente, Xavier relembra que Graça já havia dado vida ao presidiário Majestade no filme Carandiru, de 2003, também inspirado em obra de Drauzio Varella.
Da literatura à tela
A gênese da série, de acordo com o Teledramaturgia, começou em 2013, quando o diretor de produção Eduardo Figueira propôs adaptar o então novo livro de Varella para a televisão. A obra, lançada após o sucesso de Estação Carandiru, apresentava um olhar menos voltado aos detentos e mais atento aos agentes penitenciários, homens e mulheres que encaram o cárcere como profissão.
Segundo Xavier, foi Pedro Bial (67), que já havia se aproximado do universo de Drauzio em um documentário, quem intermediou a compra dos direitos pela Globo. Com muita pesquisa de campo, os roteiristas passaram semanas colhendo relatos, observando posturas, ouvindo medos e dilemas desses trabalhadores.
A aproximação garantiu que os episódios fossem construídos a partir de experiências reais, com uma tensão constante entre o dever e a sobrevivência. O realismo da narrativa ultrapassava o ambiente da prisão e atingia o emocional do protagonista — que não podia deixar de ser pai, marido e filho, mesmo sendo todos os dias atravessado pela violência do cárcere.
Reconhecimento internacional
Carcereiros, como resgata Xavier, foi lançada originalmente no Globoplay, em junho de 2017, e exibida meses depois no canal fechado Mais Globosat. A estreia na TV aberta só aconteceu quase um ano depois, já com episódios inéditos, e encontrou o público do horário nobre com força.
O tempo de espera foi compensado pelo reconhecimento: a série conquistou o prêmio de melhor produção na categoria “Full Episodes” na segunda edição do MIPDrama Screenings, evento de abertura da MIPTV em Cannes, uma das feiras mais importantes do mercado televisivo mundial.
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