Alexandre Nero reflete sobre rótulo de galã em novela: 'Não tem a ver comigo'

Em entrevista à Contigo! Novelas, Alexandre Nero, responsável por dar vida a Marco Aurélio no remake de Vale Tudo, entrega mais detalhes dos bastidores
No ar em Vale Tudo, na TV Globo, como o Marco Aurélio, e no canal Globoplay Novelas, como o Miguel Inácio de Guerreiros do Sol, Alexandre Nero mostra duas facetas diferentes. Interpretando personagens de caráter duvidoso, o ator não tem um olhar maniqueísta sobre os papéis. Em entrevista à Contigo! Novelas, o artista revela mais detalhes de sua dedicação à trama.
Como foi mergulhar nesse universo do cangaço?
"É novo para todos nós, porque é um universo que ninguém viveu isso, é histórico. Para mim é muito mais distante do que para a maioria do elenco, que é do Nordeste. Então para mim, que sou de Curitiba, foi mais difícil. Estar com eles facilitou muito, porque eles me ajudavam no linguajar, no sotaque, por osmose eu captava aquilo. Mas era difícil, eu me comparava muito com eles e eu me sentia sempre menor, no sentido de qualidade e facilidade de estar ali".
Marco
Como Guerreiros do Sol retrata esse universo?
"Guerreiros do Sol não tenta romantizar, é claro que tem o romantismo no sentido de novela, existe o amor do homem e da mulher. E, obviamente, eles tiveram em algum momento na vida deles, como aconteceu com Maria Bonita e Lampião. Mas não romantiza o fato de esses homens serem heróis. Esses homens não eram heróis, eram criminosos. E, eventualmente, dependendo do ponto de vista, também heróis. O herói e o vilão sempre depende do ponto de vista".
Qual é o seu ponto de vista sobre o Miguel Inácio? Seu personagem é um cara ruim?
"Tenho sentido que a gente passou essa fase de bom e mau, acho que a dramaturgia brasileira já passou essa fase infantojuvenil".
Como
Como assim?
"Essa coisa ficou no passado, pelo menos é o que eu tenho sentido, estão querendo mostrar as humanidades, às vezes as pessoas normais têm seus bons lados e maus lados. Pessoas boas também têm seus maus lados. É terrível ver uma pessoa que a gente não gosta fazer uma coisa que a gente faz e isso mexe muito com as pessoas. Agora falando de Miguel Inácio, é um cara bom que mata gente. E aí, como é que a gente mexe com isso, né? Ele é bom ou ruim? Só que tem coisas em que a gente acha ele um cara incrível. Essa identificação com pessoas que não fazem o que a gente faz, mexe com a gente. A gente não gosta ou gosta, dependendo da maneira que a gente acha legal a humanidade de certos personagens. Então essa coisa de bom e mau tem ficado para os meus filhos, para criança. Quem é o vilão? Quem é o malvado? Quem é o bonzinho? A partir da hora que a gente começa a tratar com a faixa etária de 14, 16 anos, a gente começa a ver que as coisas passeiam para os dois lados".
O Marco Aurélio, seu personagem de Vale Tudo, é um picareta e é amado...
"Eu sei da expectativa, Marco Aurélio é um personagem já conhecido. Se não tivesse referência nenhuma, as pessoas iam pensar: ‘ele é um picareta, mas é legal’".
Quem
No remake ele é um bom pai, um bom tio...
"Como as pessoas já têm referência, elas imaginavam, e eu também, que ele seria muito mais cruel, muito mais terrível. A Manuela [Dias, autora do remake] resolveu não fazer ele tão terrível. Ele faz coisas que a gente não concorda, mas, ao mesmo tempo, é carismático, é um cara sedutor. E sedução não tem a ver só com homem e mulher. Eu acredito que picaretas são extremamente sedutores. Senão não seriam picaretas. Quem vai dar dinheiro para um cara que não é sedutor? Então é difícil. Como é que você concorda, se identifica com uma pessoa que gosta de criança e ao mesmo tempo trata mal um funcionário? Ele trata bem as pessoas que ele gosta".
Sente que passou a ser mais desejado depois da cena que ele fez a Leila (Carolina Dieckmann) ter seu primeiro orgasmo?
"Sem dúvida. O desejo tem muito a ver com as cenas, com o que acontece em volta. O homem fez a mulher ter um orgasmo e aí entra no imaginário popular, feminino, enfim. Isso te envaidece? Não, porque não sou eu. Ninguém está desejando a mim, está desejando o Marco Aurélio. Eu não fiz ninguém gozar, quem fez foi Marco Aurélio [risos]".
Mas as pessoas têm elogiado a sua beleza...
"É engraçado porque a beleza tem muito a ver com o personagem. Não tem a ver comigo. Ninguém elogiava a minha beleza quando fiz o Tico Leonel de No Rancho Fundo. Isso tem a ver com o personagem. Não tem como desvincular as duas coisas. A questão física, isso é o nosso trabalho. A gente tem que ser sedutor, tem que ser interessante, dependendo do personagem, a gente tem que apagar a vaidade. Existe uma outra vaidade, que é se fazer um ator interessante, fazer bem o personagem. Mas aí já não é mais a estética fisicamente. O seu Tico Leonel não era esse tipo de sedução, era um outro tipo. Era um homem carismático, fofo, doce. Mas ninguém olhava para aquele homem com tesão. Tem a ver totalmente com o personagem".
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