Regina Duarte e polêmica capilar: como um comentário mudou ‘História de Amor’

Por Murilo Rocha, sob a supervisão de Mariana Arrudas Publicado em 03/07/2025, às 10h15 👁️ 0 visualizações 💬 0 comentários
Regina Duarte e polêmica capilar: como um comentário mudou ‘História de Amor’

Descubra os bastidores do episódio em que um leitor rotulou o visual de Regina Duarte como favelada e como a Globo reagiu sobre visual da atriz.

No início de História de Amor (1995–1996), Regina Duarte surgiu com tranças longas e naturais. A escolha estética, porém, despertou reações polêmicas. Em carta publicada no Jornal do Brasil, um leitor criticou:

“Aquela trança dá a ela um aspecto de favelada”.

“Aquela trança dá a ela um aspecto de favelada”. - Murilo Rocha, sob a supervisão de Mariana Arrudas

Mudança – e lição – nos bastidores

Após a repercussão, a emissora alterou o visual da personagem: cabelos mais soltos, curtos e lisos, alinhados com um figurino mais moderno e refinado. A troca revelou o peso que comentários de público e imprensa podem ter sobre identidades visuais na teledramaturgia. A imagem importa — e muito.

Fora isto, a novela obteve aclamação crítica. O folhetim veio após o remake de Irmãos Coragem, que fracassou em elevar os índices de audiência com a releitura da trama clássica. Na Folha de S.Paulo, o jornalista Sérgio d'Ávila escreveu: "Nada melhor que o remake de um sucesso para deixar claro o desejo de inovar cada vez menos a teledramaturgia da casa. Mas mudou a direção e o estilo de filmagem no meio do jogo, e a emissora não pôde voltar ao tradicional. Com História de Amor deve conseguir. A cena inicial garante que não haverá sustos no decorrer do período: pôr-do-sol, gaivotas, Corcovado e fundo musical de Ivan Lins".

Na década de 1990, as novelas da Globo refletiam rígidos padrões estéticos e sociais, muitas vezes reforçando estereótipos. O caso de Regina não é isolado: outras novelas, como A Lua Me Disse (2005), enfrentaram críticas por retratar a periferia de forma pejorativa. Corpo a Corpo (1984) ressoou ao abordar racismo de classe e gênero em tramas inter-raciais.

Hoje, o Brasil caminha para maior representatividade. Protagonistas negras em novelas das seis, sete e nove (como Jéssica Ellen) sinalizam uma ruptura com velhos estigmas. Ainda assim, o episódio de Regina Duarte serve como alerta: pequenas escolhas visuais podem perpetuar preconceitos invisíveis ao roteiro.

História de Amor marcou a estreia de Regina na faixa das seis e foi a novela mais longa de Manoel Carlos até então

O impacto foi tão grande que Regina comentou: “História de Amor eu não queria que acabasse nunca…”

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