'Crise entre Brasil e EUA não tem solução de curto prazo', diz diretora de instituto em Washington: Detalhes revelados
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Novos detalhes sobre 'crise entre brasil e eua não tem solução de curto prazo', diz diretora de instituto em washington vêm à tona. no governo trump, houve uma deterioração da percepção e uma diminuição do entendimento sobre o país. os democratas têm outras prioridades agora e vêm apostando mais na queda de popularidade de trump para colher vitórias nas midterms...
Saiba mais: Brasil e estados unidos vivem seu momento mais complicado na relação diplomática desde que ela existe, há 201 anos. o governo do presidente donald trump faz uma demanda praticamente impossível de atender, e a saída é conter danos e, ao mesmo tempo, tentar buscar oportunidades. Veja os detalhes a seguir.
Vale destacar que a avaliação é de bruna santos, diretora do programa de brasil no think tank inter-american dialogue, sediado em washington
Segundo fontes, para a crise política, não vejo solução no curto prazo. o pedido do presidente trump ao governo brasileiro é, na prática, inexequível e deixou o país sem margem de manobra, diz santos, em referência à exigência de trump de que o brasil desista de processar o ex-presidente jair bolsonaro.
cabe ao setor privado brasileiro manter o diálogo com seus pares nos estados unidos, garantindo que os dados e fatos da relação comercial circulem, sejam compreendidos e impeçam um processo de decoupling (separação) entre as duas economias. é a camada que sustenta os dividendos econômicos da relação enquanto a política se recompõe, afirma.
Vale destacar que o programa sobre o brasil no inter-american dialogue foi lançado oficialmente na última quarta-feira, 17, a partir da retomada do brazil institute, antes sediado no wilson center
Especialistas apontam que essa transição ocorreu após a decisão do governo norte-americano de encerrar as atividades do wilson center, uma medida que teve grande repercussão no campo da política externa em washington, diz bruna. hoje, somos o único programa de políticas públicas em washington inteiramente dedicado ao brasil e às relações brasil–eua.
Vale
Na conversa com a exame, ela comenta ainda as perspectivas para a assembleia geral da onu, que começa na terça-feira, 23, e como o brasil é visto atualmente em washington. leia a íntegra a seguir.
É essencial notar que quais as saídas possíveis para a atual crise na relação entre o brasil e os estados unidos
De acordo com informações, costumo olhar em três níveis. primeiro, o vórtice da crise política. aqui, não vejo solução no curto prazo. o pedido do presidente trump ao governo brasileiro é, na prática, inexequível e deixou o país sem margem de manobra.
Segundo, a contenção de danos. esse é o espaço de ação mais imediato: cabe ao setor privado brasileiro manter o diálogo com seus pares nos estados unidos, garantindo que os dados e fatos da relação comercial circulem, sejam compreendidos e impeçam um processo de decoupling (separação) entre as duas economias. é a camada que sustenta os dividendos econômicos da relação enquanto a política se recompõe.
Vale destacar que terceiro, as oportunidades. eu tento olhar a crise como uma oportunidade para enfrentar temas difíceis que temos adiado: o custo da fragmentação das cadeias globais, os riscos de um fechamento ainda maior das economias e a importância de países que não querem ser arrastados para a disputa eua–china construírem pontes, oferecerem pluralismo regulatório e adicionarem complexidade ao sistema internacional
Segundo fontes, como conter danos e buscar oportunidades neste contexto?
O brasil precisa seguir buscando o diálogo contínuo, reenquadrar a narrativa e apostar em cooperação prática em áreas de interesse mútuo. esse será o caminho para, mais adiante, reconstruir a relação política em bases mais sólidas. muitas vezes, a relação bilateral é vista apenas pelas lentes de disputas e tensões. mas existe uma interdependência econômica muito sólida que precisa ser melhor comunicada. o investimento brasileiro gera empregos e crescimento em várias regiões dos eua, como é o caso da suzano em arkansas, enquanto empresas americanas dependem do brasil em cadeias de suprimentos estratégicas. são histórias concretas que conectam a parceria diretamente a empregos, comunidades e consumidores.
Segundo
Vale destacar que do lado brasileiro, também é importante enviar sinais claros de disposição para melhorar o relacionamento, demonstrar resiliência democrática e adotar uma postura diplomática proativa. isso ajuda a reduzir incertezas e amplia o espaço de negociação comercial e política
Especialistas apontam que outro ponto é aumentar o entendimento em washington. hoje, há poucas vozes no executivo norte-americano que conhecem o brasil em profundidade. nosso trabalho busca preencher essa lacuna, trazendo dados, análises e exemplos concretos de cooperação que mirem o longo prazo. por fim, vejo grandes oportunidades para avançar juntos em setores estratégicos — de agricultura sustentável e combustíveis de aviação a energia renovável, minerais críticos, inteligência artificial e biotecnologia. a estratégia é começar com histórias tradicionais de comércio e investimento, que geram confiança, e a partir daí abrir caminho para temas mais complexos e sensíveis.
Nos próximos dias, lula e trump estarão em nova york para a assembleia geral da onu. vê algum espaço para que o evento possa de alguma forma ajudar a aproximá-los?
Vale destacar que muito próximo a zero. a assembleia geral da onu, para o presidente lula, é um espaço de afirmação do brasil na defesa de uma ordem multipolar e do fortalecimento das instituições multilaterais, objetivos diametralmente opostos aos do presidente trump não vejo margem para que o evento sirva como ponto de aproximação entre os dois
Segundo fontes, o governo trump tem adotado uma postura muito dura contra o brasil. vê espaço para haver algum tipo de mudança de postura sem que o brasil ceda ao pedido de retirar o processo contra bolsonaro? no curto prazo, a postura política dos estados unidos em relação ao brasil tende a permanecer esta. as eleições no brasil podem alterar o quadro político e abrir novas possibilidades. mas é importante lembrar que a abertura ou o fechamento de oportunidades de negociação econômica também depende desse contexto político. ao mesmo tempo, não cabe apenas esperar. os setores econômicos brasileiros precisam agir desde já, garantindo presença, diálogo e assento nas mesas de negociação. essa proatividade é essencial para que, independentemente do cenário político, o brasil esteja posicionado para defender seus interesses e construir pontes.
Até onde as punições do governo trump poderão ir? novas tarifas e sanções a autoridades são as opções prováveis, mas há outras possibilidades?
Vale destacar que a previsibilidade não tem sido a marca de washington nos últimos meses. até agora, tudo o que se discute permanece no campo das especulações as cadeias de comando estão difusas, e a tomada de decisão mudou muito neste novo mandato trumpista entre as possibilidades prováveis, em ordem decrescente, eu destacaria: a ampliação das sanções magnitsky para incluir mais juízes e até suas famílias; a extensão dessas sanções a autoridades do executivo; a imposição de tarifas generalizadas (across the board), justificadas pelas importações brasileiras de derivados de petróleo russos; e, por fim, a retirada de algumas das exceções negociadas na primeira rodada de tarifas — muitas delas conquistadas pelos setores econômicos norte-americanos diretamente impactados
Especialistas
Segundo fontes, como vê a imagem atual do brasil em washington?
Por outro lado, a imagem do brasil em washington hoje é desafiadora. no governo trump, houve uma deterioração da percepção e uma diminuição do entendimento sobre o país. isso se deve a uma combinação de fatores: menos atenção dedicada ao brasil na política externa americana, ausência de quadros no executivo com conhecimento profundo sobre o país e tensões ligadas tanto à agenda comercial quanto a preocupações com a democracia e o judiciário brasileiros. soma-se a isso a percepção de um alinhamento do brasil com adversários estratégicos dos eua, como a china e até a rússia.
Importante mencionar que os democratas poderiam agir de modo mais incisivo para tentar barrar medidas contra o brasil
De acordo com informações, no congresso americano, existe um núcleo de parlamentares mais engajados com o brasil, especialmente no brazil caucus. fora desse grupo, porém, o conhecimento é limitado. os democratas têm outras prioridades agora e vêm apostando mais na queda de popularidade de trump para colher vitórias nas midterms (eleições legislativas em 2026). o brasil é visto com simpatia em vários círculos, mas não figura como prioridade. além disso, há limites objetivos ao que a minoria no congresso pode fazer. até aqui, as ações dos democratas têm sido simbólicas, parte do jogo político, mas com pouquíssimo efeito prático para barrar medidas duras contra o brasil.
Adicionalmente, o que realmente faz diferença é o brasil enviar sinais claros de disposição para melhorar a relação e sustentar a cooperação em áreas de interesse mútuo. também é crucial que os setores econômicos brasileiros não fiquem à espera da política: eles precisam garantir presença, diálogo e assento nas mesas de negociação em washington.
Vale destacar que quais são os principais objetivos do programa sobre o brasil no inter-american dialogue
Segundo fontes, a criação do brazil program no inter-american dialogue foi resultado da migração do brazil institute, antes sediado no wilson center. essa transição ocorreu após a decisão do governo norte-americano de encerrar as atividades do wilson center, uma medida que teve grande repercussão no campo da política externa em washington. hoje, somos o único programa de políticas públicas em washington inteiramente dedicado ao brasil e às relações brasil–eua. contribuímos por ter presença única na capital americana, elevando e qualificando os debates que importam, e uma intensa ação em rede, reunindo líderes de diversos setores e lados políticos para transformar diálogo em impacto.
Por outro lado, nosso objetivo é oferecer pesquisa independente, diálogo e engajamento político sobre o cenário brasileiro e sua relação em evolução com os estados unidos e outras partes do mundo. buscamos enquadrar a narrativa de forma objetiva, destacando não apenas as tensões, mas também histórias concretas de cooperação econômica e de benefícios mútuos em áreas como comércio, investimento, tecnologia e clima. muitas vezes explicamos o brasil para o tomador de decisão aqui.
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