Novela da Globo teve casamento censurado pela ditadura e estreou há 51 anos

Por Murilo Rocha, sob a supervisão de Mariana Arrudas Publicado em 02/07/2025, às 07h30 👁️ 0 visualizações 💬 0 comentários
Novela da Globo teve casamento censurado pela ditadura e estreou há 51 anos

Protagonizada por Regina Duarte, uma obra da Globo sofreu com censura e não pode gravar um casamento; entenda e saiba mais

Há 51 anos, no Rio de Janeiro, a Globo estreava Carinhoso. Protagonizada por Cláudio Marzo e Regina Duarte, a novela foi uma das obras que sofreu com a censura do Regime Militar. Um casamento que aconteceria na trama foi barrado e gerou controversas. A trama também foi escrita especialmente para a veterana protagonizar. Em São Paulo, o folhetim estreou dois dias depois, em 4 de julho.

Lauro César Muniz, o autor, recebeu um pedido de Daniel Filho - diretor da Globo - para realizar a novela e ela ser encabeçada por Regina Duarte, como conta Nilson Xavier do Teledramaturgia. A Globo também apostou em uma novela romântica e sem alívio cômico ou núcleos infantis. Carinhoso se tornou um sucesso. Duarte, inclusive, atuou grávida na obra, com a barriga aparecendo apenas na reta final. Gabriela Duarte nasceu três meses após o final do folhetim.

Lauro César Muniz, o autor, recebeu um pedido de Daniel Filho - diretor da Globo - para realizar a novela e ela ser encabeçada por Regina Duarte, como conta Nilson Xavier do Teledramaturgia. - Murilo Rocha, sob a supervisão de Mariana Arrudas

Casamento banido

Em Beijo Amordaçado – A Censura às Telenovelas Durante a Ditadura Militar, o pesquisador Cláudio Ferreira contou que o Regime Militar censurou um casamento que aconteceria entre os personagens brasileiros no exterior, mais especificamente no Uruguai. O motivo alegado era que o consulado do país não aceitou a filmagem da obra de ficção:

“(…) o Departamento de Polícia Federal do estado da Guanabara (atual Rio de Janeiro) recebeu uma carta do Consulado Geral do Uruguai. O cônsul Yamandu Fischer salientou que dois personagens revelaram a intenção de realizar o casamento no consulado. A emissora teria solicitado autorização para filmar, sem sucesso. De acordo com o cônsul, a lei uruguaia proibia o casamento de não uruguaios e o consulado apareceria perante o público como infrator da lei. Por isso pediu providências: que a emissora não mencionasse o nome do consulado na novela ou em outros programas.”

Xavier relembra que a primeira emissora no Brasil a utilizar câmeras eletrônicas portáteis nas produções de suas obras foi a Globo. Com CarinhosoCaso Especial, foi inaugurado um novo equipamento chamado VR-3000. No Almanaque da TV, de Bia Braune e Rixa, os autores pontuam que, mesmo com o avanço tecnológico, as imagens ainda eram em preto e branco. A novele está disponível no Globoplay dentro do Projeto Fragmentos, com apenas 9 capítulos que restaram nos arquivos da Globo.

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